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improvement of education, health realities and services provided
in the context of the SUS.
Keywords: public health policies; education in eealth;
interprofessionality; single health system; active methodologies
Autor de correspondência: Me. Renata Jacobovski. Correio eletrônico: renatajacobovski@gmail.com
INTRODUÇÃO
A Reforma Sanitária Brasileira e a oitava Conferência Nacional
de Saúde, sob influências de movimentos internacionais, como
a Declaração de Alma-Ata e a Carta de Ottawa, originou uma
crescente valorização sobre a concepção do direito universal à
saúde e da influência de determinantes sociais sobre o processo
saúde-doença, expressos por habitação, educação,
alimentação, renda, emprego, transporte, lazer, liberdade, paz,
acesso à terra, ecossistema estável, recursos sustentáveis,
justiça social, equidade, entre outros (1-3).
Convergindo com esse enfoque ampliado sobre a saúde e a
doença, voltada a grupos sociais e não somente a indivíduos, o
Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro é, então, idealizado e
concebido. Diante disso, ocasionou-se a necessidade da
formação de profissionais de saúde que fossem críticos,
humanos, reflexivos e condizentes com as novas demandas
ampliadas e multifatoriais do ideal sanitário recém-estabelecido,
pautado na universalidade, integralidade, equidade e
participação social, em direção a uma praxis menos fragmentada
das práticas de se fazer, ensinar e aprender saúde. Dessa
forma, coube ao recente sistema público, em meio às diversas
competências, a missão de ordenar e organizar o
desenvolvimento de recursos humanos para a saúde (1,2,4,5).
Nesse contexto, irrompe-se a problemática de que o modelo
tradicional de ensino, baseado na simples transmissão e
reprodução de conhecimentos, deficiente, muitas vezes, de um
viés crítico e da intervenção direta sobre a realidade, diverge,
em grande parte, das reais exigências formativas dos
profissionais de saúde, envoltos com a produção do cuidado
humano. Ao tratar de tal assunto, destaca-se como essencial
para o trabalhador desse campo adquirir a competência de lidar
com diferentes processos individuais, familiares e comunitários,
atuando diretamente nos determinantes sociais e na qualidade
de vida das populações (6-8). Assim, a discussão sobre novas
práticas pedagógicas ganhou espaço, indo ao encontro da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e das
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos na área
da saúde no Brasil, as quais versam sobre a valorização da
aprendizagem no ambiente laboral; a maior abertura dos
serviços às instituições formadoras; a flexibilização das
estruturas curriculares; a formação por competências; a
promoção da interação ensino-serviço-comunidade; o estímulo
ao trabalho interprofissional, multidisciplinar e colaborativo; a
proposição de metodologias de ensino inovadoras e criativas; a
aprendizagem significativa, ativa e reflexiva e a orientação dos
processos educativos para as necessidades sociais em saúde,
bem como a defesa do SUS (9,10).
Considerando tais elementos, torna-se primordial citar suas
relações intrínsecas com as Metodologias Ativas (MAs) de
ensino-aprendizagem, que podem ser compreendidas como
estratégias didáticas alternativas ao modelo tradicional de
educação e uma escolha político-pedagógica em que os
diferentes atores sociais envolvidos no processo de aprender
podem assumir o compromisso de construir coletivamente o
conhecimento e transformar suas realidades (11-14). Vale
destacar que, no decorrer da trajetória histórica de várias
iniciativas voltadas ao fortalecimento dos recursos humanos no
âmbito do SUS, a criação da Secretaria da Gestão do Trabalho
e da Educação na Saúde (SGTES) e do Departamento de
Gestão da Educação na Saúde (DEGES), em 2003, constitui um
marco importante para a esfera da formulação de política
públicas relacionadas à formação, qualificação e gestão de
profissionais de saúde no Brasil. Como exemplo, o Programa de
Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde), instituído
pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da
Educação, em 3 de março de 2010, visa fortalecer a integração
ensino-serviço-comunidade, alinhando a teoria à realidade, ao
passo que inicia discentes ao mundo do labor em diferentes
cenários de práticas do SUS (15-17).
O PET-Saúde apresenta como pilares para a sua execução o
desenvolvimento de ações em áreas prioritárias para o SUS, a
tutoria de profissionais de saúde da rede de cuidado do SUS, a
criação de grupos discentes de aprendizagem tutorial e a
gerência de docentes da universidade. Desde sua criação,
programa já selecionou 120 projetos para o desenvolvimento da
temática da “Educação Interprofissional e das Práticas
Colaborativas” (PET-Saúde Interprofissionalidade), havendo,
entre eles, um projeto executado pela Universidade Federal do
Paraná (UFPR) em conjunto com as Secretarias Municipais de
Saúde (SMS) dos municípios de Curitiba e Piraquara no Estado
do Paraná, entre 2019 e 2021, objeto do presente estudo
(16,18). Nesse cenário, esta pesquisa tem por objetivos
descrever e discutir a estrutura organizacional, a dinâmica de
funcionamento e as ações desenvolvidas pelo PET-Saúde
Interprofissionalidade da UFPR/ SMS Curitiba/ SMS Piraquara,
relevantes para avaliar o processo ensino-serviço-comunidade
entre os envolvidos, bem como subsidiar a adoção de boas
práticas às necessidades atuais do SUS e à construção de uma
política de desenvolvimento em recursos humanos unificada
para o sistema, agenda ainda não finalizada no país.
MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva,
realizada com base em 18 entrevistas semiestruturadas,
gravadas entre fevereiro e março de 2021, com a participação de
integrantes da edição PET-Saúde Interprofissionalidade (2019-
2021), sendo cinco profissionais do SUS, seis estudantes da
UFPR e sete docentes da UFPR. As entrevistas foram gravadas
de forma remota com a utilização da plataforma digital Google
Meet, a fim de se preservar o isolamento social decorrente da
pandemia do Coronavírus 19 (COVID-19), foram numeradas
aleatoriamente de E1 a E18 e encerradas quando não foram
obtidas novas informações, compreendendo o ponto de
saturação teórica do estudo. As coletas ocorreram somente após
a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) e todos os aspectos éticos previstos na
Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde foram
preservados (19). O trabalho é fruto da pesquisa “Metodologias
Ativas: estruturas e concepções para a prática educacional”,
aprovada pelo comitê de Ética do setor de Ciências da Saúde da