Jacobovski R / Enfermería Investiga Vol. 8 No. 2 2023 (Abril Junio) 3 POLÍTICA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO NA SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL PUBLIC POLICIES ON HEALTH EDUCATION: AN EXPERIENCE OF THE SINGLE HEALTH SYSTEM IN BRAZIL Renata Jacobovski 1 https://orcid.org/0000 - 0001 - 6028 - 5528 , Luis Felipe Ferro 2 https://orcid.org/0000 - 0001 - 8935 - 104X , Rafaela Gessner Lourenço 3 https://orcid.org/0000 - 0002 - 3855 - 0003 , Rafael Gomes Ditterich 4 https://orcid.org/0000 - 0001 - 8940 - 1836 , Luciana Elisabete Savaris 5 https://orcid.org/0000 - 0002 - 7408 - 1187 1 Enf ermeira M estra em Políticas Públicas. Programa de Pós - graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/Brasil. 2 D ocente do departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós - graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/Brasil. 3 Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná , Curitiba/ Brasil . 4 Docente do Departamento de Odontologia e do Programa de Pós - graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/Brasil. 5 Doutoranda em Psicologia. Programa de Pós - graduação em Psicologia da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/Brasil. 2477 - 9172 / 2550 - 6692 Derechos Reservados © 202 3 Universidad Técnica de Ambato, Carrera de Enfermería. Este es un artículo de acceso abierto distribuido bajo los términos de la Licencia Creative Commons, que permite uso ilimitado, distribución y reproducción en cualquier medio, siempre que la obra ori ginal es debidamente c itada. Autor de correspondência : Me. Renata Jacobovski. Correio eletrônico : renatajacobovski@gmail.com Recebido: 08 de fevereiro de 2023 Aceito: 18 de março de 2023 RESUMO Introdução: a partir da edificação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, pautado em uma concepç ão de saúde ampliada , emergiu a necessidade da forma ção de profissionais críticos na área, de maneira a intervirem em diferentes condicionantes do processo saúde - doença de indivíduos e coletividade s . Dessa forma, no d ecorrer histórico de várias iniciativas voltadas ao fortalecimento de recursos human os para o SUS, a criação do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET - Saúde) se configura como um elo importante entre u niversidades , o SUS e a população. Objetivo: a presente pesquisa tem por objetivo descrever e discutir a estrutura organizacional, a dinâmica de funcionamento e as ações desenvolvidas pela edição do PET - Saúde Interprofissionalidade, executado entre 2019 e 2021 , na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Método : t rata - se de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo, mediante a realização de 18 entrevistas semiestruturadas coletadas com participantes do projeto. Resultados: foram constituídas quatro categorias de sentido que versam sobre a trajetória do programa na UFPR, as estrutura s e parcerias firmadas no PET - Saúde Interprofissionalidade, a dinâmica operacional do projeto e o desenvolvimento de ações em meio à pandemia. A demais , e videnciou - se a potência do programa como estratégia p ara a formação de profissionais humanos, reflexivos, competentes ao trabalho interprofissional e colaborativo, além do fortalec imento da tríade ensino - serviço - comunidade para atender as necessidades do SUS e orientar a construção de políticas púbicas d e desenvolvimento em recursos humanos para a saúde. Conclusão : o s resultados apontam para a necessidade de aprofu ndar temas que fomentem modos inovadore s de ensino - aprendizado na área, visando à superação do modelo hegemônico de se fazer, ensinar e aprender saúde e maior integração entre práticas e profissões no contexto do SUS. Palavras - chave: p olítica p ública de Saúde ; educação em s aúde ; i nterprofi ssionalidade ; sistema único de saúde; metodologias a tivas. ABSTRACT Introduction: from the construction of the Unified Health System (SUS) in Brazil, based on an expanded and universal health concept, the need emerged for the training of critical and humanized professionals in the area, in order to promote the interventions in differen t conditioning factors of the health care process. health - disease of individuals and collectivities. Thus, in the course of the historical trajectory of various initiatives aimed at strengthening human resources within the scope of the SUS, the creation of the Education Program for Work in Health (PET - Health) is configured as an integration link between Universities and public services of health, aligning theory with reality, while introducing students to the world of work in different SUS scenarios. Objective : the present research has the objective of describing and discussing the organizational structure, the dynamics of operation and the actions developed by the edition of PET - Saúde Interprofessionalidade, carried out between 2019 and 2021 at the Federal University of Paraná (UFPR). Method: this is a qualitative, exploratory and descriptive study, through 18 semi - structured interviews collected with project participants. Results: the potential of the program as a strategy for training critical, humane, reflective professionals, competent in interprofessional and collaborative work was evident, in addition to strengthening the related three points between teaching, service and comm unity to meet the needs of SUS in the context
4 of the Brazilian population. Conclusion: the results point to the need to deepen the theme of policies that encourage innovative ways of teaching and learning in the area of health, linked to the improvement of education, health realities and services provided in the context of the SUS. Keywords: p u blic health policies; education in eealth; interprofessionality; single health system; active m ethodologies Autor de correspondência : Me. Renata Jacobovski. Correio eletrônico : renatajacobovski@gmail.com INTRODU ÇÃO A Reforma Sanitária Brasileira e a oitava Conferência Nacional de Saúde, sob influência s de movimentos internacionais, como a Declaração de Alma - Ata e a Carta de Ottawa, originou uma crescente valorização sobre a concepção do direito universal à saúde e da influência de determinantes sociais sobre o processo saúde - doença, expressos por habitação, educação, alimentação, renda, emprego, transporte, lazer, liberdade, paz, acesso à terra, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social, equidade, entre outros ( 1 - 3 ). Convergindo com esse enfoque ampliado sobre a saúde e a doença, voltada a grupos sociais e não somente a indivíduos, o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro é, então, idealizado e concebido. Diante disso, ocasionou - se a necessidade da formação de profissionais de saúde que fossem críticos, humanos, reflexivos e condizentes com as novas demandas ampliadas e multifatoriais do ideal sanitário recém - est abelecido, pautado na universalidade, integralidade, equidade e participação social, em direção a uma praxis menos fragmentada das práticas de se fazer, ensinar e aprender saúde. Dessa forma , coube ao recente sistema público, em meio às diversas competênci as, a missão de ordenar e organizar o desenvolvimento de recur sos humanos para a saúde ( 1 ,2, 4,5 ) . Nesse contexto , irrompe - se a problemática de que o modelo tradicional de ensino, baseado na simples transmissão e reprodução de conhecimentos, deficiente, muitas vezes, de um viés crítico e da intervenção direta sobre a realidade, diverge, em grande parte, das reais exigências forma tivas dos profissionais de saúde, envoltos com a produção do cuidado humano. Ao tratar de tal assunto, destaca - se como essencial para o trabalhador desse campo adquirir a competência de lidar com diferentes processos individuais, familiares e comunitários, atuando diretamente nos determinantes sociais e na qualidade de vida das populações ( 6 - 8 ) . Assim , a discussão sobre novas práticas pedagógicas ganhou espaço, indo ao encontro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos na área da saúde no Brasil , as quais versam sobre a valorização da aprendizagem no ambiente laboral; a maior abertura dos serviços às instituições formadoras; a flexibilização das estruturas curriculares; a formação por competências; a promoção da interação ensino - serviço - comunidade; o estímulo ao trabalho interprofissional, multidisciplinar e colaborativo; a proposição de metodologias de ensino inovadoras e criativas; a aprendizagem significativa , ati va e reflexiva e a orientação dos processos educativos para as necessidades sociais em saúde, bem como a defesa do SUS (9 , 10 ). Considerando tais elementos, torna - se primordial citar suas relações intrínsecas com as Metodologias Ativas (MAs) de ensino - aprendizagem, que podem ser compreendidas como estratégias didáticas alternativas ao modelo tradicional de educação e uma escolha político - pedagógica em que os diferentes atores sociais envolvidos no processo de aprender podem assumir o compromisso de construir coletivamente o conhecimento e trans formar suas realidades ( 11 - 14 ) . Vale destacar que , no decorrer da trajetória histórica de várias iniciativas voltadas ao fortalecimento dos recursos humanos no âmbito do SUS, a criação da Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGE S) , em 2003 , constitui um marco importante para a esfera da formulação de política públi cas relacionadas à formação