Jacobovski R / Enfermería Investiga Vol. 8 No. 2 2023 (Abril Junio) 3 POLÍTICA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO NA SAÚDE: UMA EXPERIÊNCIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO BRASIL PUBLIC POLICIES ON HEALTH EDUCATION: AN EXPERIENCE OF THE SINGLE HEALTH SYSTEM IN BRAZIL Renata Jacobovski 1 https://orcid.org/0000 - 0001 - 6028 - 5528 , Luis Felipe Ferro 2 https://orcid.org/0000 - 0001 - 8935 - 104X , Rafaela Gessner Lourenço 3 https://orcid.org/0000 - 0002 - 3855 - 0003 , Rafael Gomes Ditterich 4 https://orcid.org/0000 - 0001 - 8940 - 1836 , Luciana Elisabete Savaris 5 https://orcid.org/0000 - 0002 - 7408 - 1187 1 Enf ermeira M estra em Políticas Públicas. Programa de Pós - graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/Brasil. 2 D ocente do departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós - graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/Brasil. 3 Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Paraná , Curitiba/ Brasil . 4 Docente do Departamento de Odontologia e do Programa de Pós - graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/Brasil. 5 Doutoranda em Psicologia. Programa de Pós - graduação em Psicologia da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/Brasil. 2477 - 9172 / 2550 - 6692 Derechos Reservados © 202 3 Universidad Técnica de Ambato, Carrera de Enfermería. Este es un artículo de acceso abierto distribuido bajo los términos de la Licencia Creative Commons, que permite uso ilimitado, distribución y reproducción en cualquier medio, siempre que la obra ori ginal es debidamente c itada. Autor de correspondência : Me. Renata Jacobovski. Correio eletrônico : renatajacobovski@gmail.com Recebido: 08 de fevereiro de 2023 Aceito: 18 de março de 2023 RESUMO Introdução: a partir da edificação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, pautado em uma concepç ão de saúde ampliada , emergiu a necessidade da forma ção de profissionais críticos na área, de maneira a intervirem em diferentes condicionantes do processo saúde - doença de indivíduos e coletividade s . Dessa forma, no d ecorrer histórico de várias iniciativas voltadas ao fortalecimento de recursos human os para o SUS, a criação do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET - Saúde) se configura como um elo importante entre u niversidades , o SUS e a população. Objetivo: a presente pesquisa tem por objetivo descrever e discutir a estrutura organizacional, a dinâmica de funcionamento e as ações desenvolvidas pela edição do PET - Saúde Interprofissionalidade, executado entre 2019 e 2021 , na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Método : t rata - se de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo, mediante a realização de 18 entrevistas semiestruturadas coletadas com participantes do projeto. Resultados: foram constituídas quatro categorias de sentido que versam sobre a trajetória do programa na UFPR, as estrutura s e parcerias firmadas no PET - Saúde Interprofissionalidade, a dinâmica operacional do projeto e o desenvolvimento de ações em meio à pandemia. A demais , e videnciou - se a potência do programa como estratégia p ara a formação de profissionais humanos, reflexivos, competentes ao trabalho interprofissional e colaborativo, além do fortalec imento da tríade ensino - serviço - comunidade para atender as necessidades do SUS e orientar a construção de políticas púbicas d e desenvolvimento em recursos humanos para a saúde. Conclusão : o s resultados apontam para a necessidade de aprofu ndar temas que fomentem modos inovadore s de ensino - aprendizado na área, visando à superação do modelo hegemônico de se fazer, ensinar e aprender saúde e maior integração entre práticas e profissões no contexto do SUS. Palavras - chave: p olítica p ública de Saúde ; educação em s aúde ; i nterprofi ssionalidade ; sistema único de saúde; metodologias a tivas. ABSTRACT Introduction: from the construction of the Unified Health System (SUS) in Brazil, based on an expanded and universal health concept, the need emerged for the training of critical and humanized professionals in the area, in order to promote the interventions in differen t conditioning factors of the health care process. health - disease of individuals and collectivities. Thus, in the course of the historical trajectory of various initiatives aimed at strengthening human resources within the scope of the SUS, the creation of the Education Program for Work in Health (PET - Health) is configured as an integration link between Universities and public services of health, aligning theory with reality, while introducing students to the world of work in different SUS scenarios. Objective : the present research has the objective of describing and discussing the organizational structure, the dynamics of operation and the actions developed by the edition of PET - Saúde Interprofessionalidade, carried out between 2019 and 2021 at the Federal University of Paraná (UFPR). Method: this is a qualitative, exploratory and descriptive study, through 18 semi - structured interviews collected with project participants. Results: the potential of the program as a strategy for training critical, humane, reflective professionals, competent in interprofessional and collaborative work was evident, in addition to strengthening the related three points between teaching, service and comm unity to meet the needs of SUS in the context
4 of the Brazilian population. Conclusion: the results point to the need to deepen the theme of policies that encourage innovative ways of teaching and learning in the area of health, linked to the improvement of education, health realities and services provided in the context of the SUS. Keywords: p u blic health policies; education in eealth; interprofessionality; single health system; active m ethodologies Autor de correspondência : Me. Renata Jacobovski. Correio eletrônico : renatajacobovski@gmail.com INTRODU ÇÃO A Reforma Sanitária Brasileira e a oitava Conferência Nacional de Saúde, sob influência s de movimentos internacionais, como a Declaração de Alma - Ata e a Carta de Ottawa, originou uma crescente valorização sobre a concepção do direito universal à saúde e da influência de determinantes sociais sobre o processo saúde - doença, expressos por habitação, educação, alimentação, renda, emprego, transporte, lazer, liberdade, paz, acesso à terra, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social, equidade, entre outros ( 1 - 3 ). Convergindo com esse enfoque ampliado sobre a saúde e a doença, voltada a grupos sociais e não somente a indivíduos, o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro é, então, idealizado e concebido. Diante disso, ocasionou - se a necessidade da formação de profissionais de saúde que fossem críticos, humanos, reflexivos e condizentes com as novas demandas ampliadas e multifatoriais do ideal sanitário recém - est abelecido, pautado na universalidade, integralidade, equidade e participação social, em direção a uma praxis menos fragmentada das práticas de se fazer, ensinar e aprender saúde. Dessa forma , coube ao recente sistema público, em meio às diversas competênci as, a missão de ordenar e organizar o desenvolvimento de recur sos humanos para a saúde ( 1 ,2, 4,5 ) . Nesse contexto , irrompe - se a problemática de que o modelo tradicional de ensino, baseado na simples transmissão e reprodução de conhecimentos, deficiente, muitas vezes, de um viés crítico e da intervenção direta sobre a realidade, diverge, em grande parte, das reais exigências forma tivas dos profissionais de saúde, envoltos com a produção do cuidado humano. Ao tratar de tal assunto, destaca - se como essencial para o trabalhador desse campo adquirir a competência de lidar com diferentes processos individuais, familiares e comunitários, atuando diretamente nos determinantes sociais e na qualidade de vida das populações ( 6 - 8 ) . Assim , a discussão sobre novas práticas pedagógicas ganhou espaço, indo ao encontro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos na área da saúde no Brasil , as quais versam sobre a valorização da aprendizagem no ambiente laboral; a maior abertura dos serviços às instituições formadoras; a flexibilização das estruturas curriculares; a formação por competências; a promoção da interação ensino - serviço - comunidade; o estímulo ao trabalho interprofissional, multidisciplinar e colaborativo; a proposição de metodologias de ensino inovadoras e criativas; a aprendizagem significativa , ati va e reflexiva e a orientação dos processos educativos para as necessidades sociais em saúde, bem como a defesa do SUS (9 , 10 ). Considerando tais elementos, torna - se primordial citar suas relações intrínsecas com as Metodologias Ativas (MAs) de ensino - aprendizagem, que podem ser compreendidas como estratégias didáticas alternativas ao modelo tradicional de educação e uma escolha político - pedagógica em que os diferentes atores sociais envolvidos no processo de aprender podem assumir o compromisso de construir coletivamente o conhecimento e trans formar suas realidades ( 11 - 14 ) . Vale destacar que , no decorrer da trajetória histórica de várias iniciativas voltadas ao fortalecimento dos recursos humanos no âmbito do SUS, a criação da Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGE S) , em 2003 , constitui um marco importante para a esfera da formulação de política públi cas relacionadas à formação , qualificação e gestão de profissionais de saúde no Brasil . Como exemplo, o Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET - Saúde) , instituído pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação, em 3 de março de 2010, visa fortalecer a integração ensino - serviço - comunidade , alinhando a teoria à realidade, ao passo que inicia discentes ao mundo do labor em diferentes cenários de práticas do SUS ( 15 - 17 ) . O PET - Saúde apresenta como pilares para a sua execução o desenvolvimento de ações em áreas prioritárias para o SUS, a tutoria de profissionais de saúde d a rede de cuidado do SUS , a criação de grupos discentes de aprendizagem tutorial e a gerência de docentes da u niversidade . Desde sua criação , programa selecionou 120 projetos para o desenvolvimento da temática da “Educação Interprofissional e das Práticas Colaborativas” (PET - Saúde Interprofissionalidade) , havendo, entre eles, um projeto executado pela Universidade Federal do Paraná ( UFPR ) em conjunto com as Secretarias Municipais de Saúde (SMS) dos municípios de Curitiba e Piraquara no Estado do Paraná, entre 2019 e 2021 , objeto do presente estudo (16 , 18 ). Nesse cenário , esta pesquisa tem por objetivos descrever e discutir a estrutura organizacional, a dinâmica de funcionamento e as ações desenvolvidas pelo PET - Saúde Interprofissionalidade da UFPR/ SMS Curitiba/ SMS Piraquara , relevantes para avaliar o processo ensino - serviço - comunidade entre os envolvidos, bem como subsidiar a adoção de boas práticas às necessidade s atuais do SUS e à construção de uma política de desenvolvimento em recursos humanos unificada para o sistema, agenda ainda não finalizada no país. M ÉTODOS Trata - se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, realizada com base em 18 entrevistas semiestruturadas , gravadas entre fevereiro e março de 2021, com a participação de integrantes da edição PET - Saúde Interprofissionalidade ( 2019 - 2021 ) , sendo cinco profissionais do SUS, seis estudantes da UFPR e sete docentes da UFPR. As entrevistas foram gravadas de forma remota com a utilização da plataforma digital Google Meet , a fim de se preservar o isolamento social decorrente da pandemia do Coronavírus 19 (COVID - 1 9), foram numeradas aleatoriamente de E1 a E18 e encerradas quando não foram obtidas novas informações, compreendendo o ponto de saturação teórica do estudo. As coletas ocorreram somente após a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e todos os aspectos éticos previ stos na
5 Resolução n º 466/12 do Conselho Nacional de Saúde foram preservado s (19 ). O trabalho é fruto da pesquisa “Metodologias Ativas: estruturas e concepções para a prática educacional”, aprovada pelo comitê de Ética do setor de Ciências da Saúde da UFPR, sob o número 3.229.786 e oriundo de uma dissertação de mestrado em Políticas Públicas da mesma u niversidade. Os dados coletados foram transcritos integralmente e analisados segundo o referencial teórico de aná lise de conteúdo de Bardin (20 ) : 1) Pré - análise: organização inicial do material por meio da leitura flutuante e constituição do corpo teórico das estrevistas; 2) Exploração do material : decomposição dos dados em unidades de registros por meio de signifi cação temática, constituindo os eixos temáticos ; 3) Tratamento dos resultados : tratamento d os resultados obtidos para que sejam significativos, a partir de inferência s, inter pretações, síntese e delimitação d as categorias de sentido . A seguir foram elaborados um Fluxograma (Figura 1) e um Quadro (Quadro 1) demonstrativos para explicar, respectivamente, as etapas da pesquisa e a se leção da significação temática. FIGURA 1 ETAPAS DA PESQUISA QUADRO 1 EIXOS TEMÁTICOS E CATEGORIAS DE SENTIDO Eixos temáticos Categorias de sentido Objetivos do projeto. O PET - Saúde e a trajetória na UFPR. História do PET - Saúde. Estruturação dos grupos. PET - Saúde Interprofissionalidade: estruturas e parcerias. Interlocução com a rede de saúde. Dinâmica do grupo. A dinâmica operacional: a construção de um modelo geral. Operacionalização das ações. Ações realizadas. O desenvolvimento das ações e a dualidade de realidades. O advento da pandemia. A partir da sistematização dos dados coletados foram constituídas quatro categorias de sentido que serão desenvolvidas ao longo do trabalho: 1) O PET - Saúde e a trajetória na UFPR; 2) PET - Saúde Interprofissionalidade: estruturas e parcerias; 3) A dinâmica operacional: a construção de um modelo geral; 4) O desenvolvimento das ações e a dualidade de realidades. RESUL TADOS E DISCUSSÃO O PET - Saúde e a trajetória na UFPR O PET - Saúde, instituído em 2008, foi elaborado para promover a aproximação da u niversidade às necessidades do SUS e sua população, apoiando o enfrentamento coletivo de problemáticas comunitárias . O programa busca protagonizar diversos cenários de práticas , a partir da tríade condutora ensino - serviço - comunidade. Dentre seus objetivos estão: a consolidação do
6 SUS, seus princípios e diretrizes; a integração en tre ensino, pesquisa e extensão; o estímulo à s mudanças curriculares n os cursos de graduação em saú de, alinhadas às DCNs ; a iniciação de discentes no mundo do trabalho, em diferentes locais da atenção básica do sistema público de saúde e o desenvolvimento de profissionais para o SUS, bem como a qualificação de seus tra balhadores ( 15,16 , 18 ) . Para a concretização dessas propostas, o programa , lançado a partir de editais propostos pelo Ministério da Saúde (MS), é desenvolvido por instituições de ensino superior em conjunto com secretarias municipais de saúde por meio da formação de coletivos tutoriais de aprendizagem. Tais grupos englobam um público - alvo composto por docentes universitá rios, profissionais atrelados ao SUS e discentes de graduaç ão da s área s da saúde. Há também a oferta de bolsas de extensão para alunos, de tutoria acadêmica para professores e de tuto ria para os trabalhadores da saúde visando o desenvolvimento , além das at ividades de rotina da rede pública, de temas considerados prioritários para o fortalecimento das práticas do SUS. Entre 2008 e 2015, foram lançados oito editais envolvendo 900 projetos em diversas regiões do país, com a execução nas seguintes áreas estratégicas: saúde da família; vigilância em saúde; saúde mental; redes de atenção ; e gr aduaçõ es em saúde (16 , 18 ) . A última aprovação do PET - Saúde no âmbito da UFP R ocorr eu em 2018, inaugurando a temática da educação interprofis s ional (EIP) e das práticas colaborativas , fruto de uma demanda de edições anterior es do projeto que sinalizavam a dificuldade em se promove r o trabalho interdis c iplinar e colabotrativo no âmbito d o SUS e também pel o fomento do Plano de Implementação da EIP no contexto da sa úde, liderado pela Pan American Health Organization , estratégia primordial para o desenvolvimento e fortalecimento de r ecursos humanos nessa área (18 , 21,22 ). E1. “[...] o tema da interprofissionalidade vem de uma trajetória de discussões prévias que fomentaram a necessidade de um olhar para o trabalho em equipe, para o diálogo entre diferentes categorias, com práticas mais voltadas para o trabalho colaborativo e interprofissional [...]”. Em suma, o ideal d a promoção de tal temática pode corroborar com a diminuição da fragmentação do trabalho em saúde, com a redução da hierarquia e relações de poder existentes entre as profissões. A lém disso, contribui para a consolidação da cobertura universal em saúde, maior resolutividade, qualidade e integralidade dos serviços sanitários , considerando o indivíduo e a coletividade em seus aspectos holísticos e participativos do processo saúde - doença . PET - Saúde Interprofissionalidade: estruturas e parcerias Logo que ocorreu a publicação do edital em 2018, por parte do Ministério da Saúde (MS) , para o desenvolvimento do PET - Saúde Interprofissionalidade, docentes de várias áreas do conhecimento em saúde da UFPR se mobilizaram para a construção de um projeto de forma conjunta com gestores da saúde dos municípios de Curitiba e Piraquara. Foram elaborados cinco grupos de apre ndizagem tutorial para concretizar as a tividades do programa, fomentar a formação interprofissional e o trabalho colaborativo, além de promove r áreas estratégicas para o SUS: 1) Promoção da Saúde; 2) Educação popular, mobilização e controle social na saúde; 3) Práticas Integrativas em Saúde e abordagens grupais; 4) Redes de Atenção à Saúde e 5) Vigilância em Saúde. Importante ressaltar que apenas integrantes de três dos cinco grupos tutoriais do projeto aceitaram participar da pesquisa, dentre eles: “Redes de Atenção à Saúde”, “Vigilância em Saúde” e “Educação Popular, Mobilização e Controle Social na Saúde”. Cada grupo foi constituído pela mescla de diferentes cursos de graduação em saúde da UFPR e diversas profissões exercidas pelos docentes e tutor es , dentre eles: medicina, odontologia, educação física, enfermagem, terapia ocupacional, farmácia, biomedicina, psicologia e fisioterapia. C ada grupo tutorial também delimitou suas ações e atividades específicas, elegendo equipamentos de saúde e sociais para executá - las : Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Laboratório Municipal de Sa úde , Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Saúde do Trabalhador, Con selhos Municipais de S aúde , Centros Comunitários, Centros de Assistência Social e Escolas. Acerca da composição estrutural de cada grupo, a constituição se dava em média com 12 integrantes : um professor coordenador de grupo e um professor tutor, ambos docentes ligados à UFPR; no mínimo q uatro profissionais tutor es vinculados ao SUS e pelo menos seis alunos matriculados na UFPR em cursos da area de saúde. É i mportante destacar que a totalidade dos docentes coordenadores recebia bolsa acadêmica, enquanto os professores tutores , tuto res e alunos poderiam ser bolsistas ou voluntários. O s participantes bolsistas poss uíam dedicação de oito horas semanais ao projeto, sendo quatro horas de ações pre senciais nos serviços e quatro horas de atividades remota s , e nquanto que os voluntarios realizavam apenas quatro horas presenciais. O s docentes coordenadores e tutores desenvolviam a s funç ões de gestão do grupo , negociação com os campos de atuação, supervisão e suporte para o planejamento e execução das atividades e, por isso, não estavam presentes fisicamente nos equipamentos , apenas os tutor es e dis centes executavam ações in loco . Para facilitar a compreensão acerca da estruturação geral do PET - Saúde Interprofissionalidade, elaborou - se um quadro explicativo (Quadro 2), que mostra a parceria firmada, a identificação dos grupos, bem como a sua composição, e os equipamentos sociais e de saúde utilizados nas ações . QUADRO 2 CARACTERÍSTICA GERAL DA EDIÇÃO PET - SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE PET - Saúde Interprofissionalidade Parceria Grupo Equipamento Social e de Saúde Identificação Composição Curso/Profissão
7 UFPR SMS Curitiba SMS Piraquara 1) Promoção da saúde . 2) Educação popular, mobilização e controle social na saúde . 3) Práticas i ntegrativas na saúde e abordagens grupais . 4) Redes de atenção à saúde . 5) Vigilância em saúde . 1 C oordenador (professor) 1 tutor (professor) 4 P receptores (profissionais do SUS) 6 E studantes Medicina Odontologia Educação Física Enfermagem Terapia O cupacional Farmácia Biomedicina Psicologia Fisioterapia UBS CAPS UPA LMS VS VE ST CMS CC CAS E Legenda : UBS - Unidades Básicas de Saúde; CAPS - Centro de Atenção Psicossocial; UPA - Unidade de Pronto Atendimento; LMS - Laboratório Municipal de Saúde; VS - Vigilância Sanitária; VE - Vigilância Epidemiológica; ST Saúde do Trabalhador; CMS - Conselhos Municipais de Saúde; CC - Centros Comunitários; CAS - Centros de Assistência Social; E - Escolas. Apesar da aproximação benéfica entre a Universidade e Secretarias Municipais de Saúde , promovida pelo projeto, observa - se a necessidade da construção de projetos por diálogos democráticos com trabalhadores da saúde, estudantes e a coletividade comunitária , no sentido de contemplar as re ais necessidades dos serviços e a população , superando a conduta vertical e exclusiva da academia e de gestores políticos. Tal concepção , agrega valor e fortale ce a integração entre ensino - serviço - comunidade e a execução de políticas de educação na saúde de maneira mais eficaz , na medida que se vale do planejamento estratégico situacional (PES). O PES se pauta na perspectiva do diagnóstico situacional de uma realidade local , sem deixar de reconhecer a importância dos diversos atores envolvidos em todos os momentos do processo de tomada de decisões de uma determinada questão . Portanto, se faz ideal para a realização de programas de forma coletiva, participativa e integral ( 23 , 24 ) . E2. “[...] eu acho que a elaboração do projeto de um jeito mais potente é dialogar ta mbém com trabalhadores e usuários , compondo os grupos e objetivos juntamente com os alunos e preceptores , a partir d as necessidades dos serviços e da coletividade [...] . Eu gosto muito de algumas práticas que se organizam e fortalecem por meio do planej amento estratégico situacional [...]”. Outro desafio relacionado à configuração estrutural dessa edição reside na necessidade de atrelar o projeto à equipe de saúde como um todo e não somente à figura de um tutor do ambiente laboral . Esse modo de vinculação possui a potencialidade de proporcionar aos alunos vivências mais comple tas dos processos de trabalho , conhecimento de maior número de cenários de práticas do SUS e maior acolhimento por parte dos trabalhadores locais . Para os profissionais da saúde, pode contribuir para a resolução de proble máticas do serviço , maior engajamento no programa e sentimento de valorização pelo trabalho que exercem . Desse modo, o estabelecimento de bolsas de tut oria de maneira rotativa entre tod os os membros da equipe e outros modos de gratificações criativas precisam ser pensadas ( 25 - 27 ) . E5. “[...] o formato do PET é muito inteligente porque ele incentiva, respeita e remunera o preceptor , ao passo que a Secretaria de Saúde também reconhece o papel de auxílio do aluno e da Universidade para o serviço. Então quando a gente tem um preceptor acolhido e reconhecid o as portas se abrem e o trabalho do PET fica muito facilitado [...]”. A tut oria figura como uma iniciativa pedagógica na área da saúde em que um trabalhador do serviço irá monitorar, mediar, acompanhar e servir de exemplo profissional e ético para o educando, mostrando competências e habilidades da profissão na prática laboral. Quando bem manejada, a estratégi a é capaz de promover as práticas int erprofissionais, colaborativas e a formação de uma gama de profissionais aptos à atuação no sistema blico de saúde ( 26,28 ). A dinâmica operacional: a construção de um modelo geral No intuito de realizar um esforço analítico para congregar a dinâmica de funcionamento e operacionalização das ações dos grupos participantes da pesquisa, é possível referir que, de modo geral, cada tutorial possuía reuniões periódicas para planejar objetivos específicos e metas para embasar ações concretas, sempre a partir dos objetivos gerais do projeto e da temá tica de cada grupo. A construção dessas ações, diferentemente do planej amento geral inicial do projeto, ocorria de maneira compartilhada entre docentes, tutores e estudante s , a partir das demandas dos serviços frequentados e de suas populações . Ocorria uma divisão em subgrupos de modo que cada ação específica possuía como referência para o seu desenvolvimento determinados discentes , professor es e tutor es . Concomitantemente, os trabalhos elaborados em cada subgrupo eram compartilhados com todos os integrantes do tutorial maior para crescimento coletivo e posterior execução . Em relaç ão ao trabalho de campo, os estudantes executavam v isitas em equipe interprofissional , uma vez por semana , para desenvolver as ações planejadas, estabelecendo interação com tuto res de diferentes profissões e com a comunidade. Alguns coletivos realizavam o método d e rodízio de subgrupos de discentes para o conhecimento dos serviços e sua dinâmica, realização das atividades planejadas e captação de novas demandas para subsidiar outras intervenções. Para cada trabalho finalizado, realizavam - se discussões e a elab oração de relatórios entre os integrantes nos encontros rotineiros , com posterior devolutiva ao MS. O fluxograma (Figura 2) exemplifica a dinâmica de funcionamento do projeto e proporciona melhor compreensão
8 acerca da organização operacional geral das ações desenvolvidas pelo PET - Saúde Interprofissionalidade . FIGURA 2 ORGANIZAÇÃO OPERACIONAL GERAL DO GRUPO PET - SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE Os relatos mostraram que a interação entre os três grupos tutoriais do PET - Saúde foi um desafio ; os encontros entre el es eram esporádicos e as relações se pautava m na participação conjunta em algumas açõe s. No entanto, o intuito do programa , previsto em edital do MS, era que todos desenvolvessem os objetivos gerais e os eixos prioritários de forma conjunta , a partir de grupos tutoriais que ensejassem práticas de ensino - aprendizagem entre docentes, profissionais da saúde e estudantes , em diferentes frentes de realidades do SUS. E4. “ N ós não conseguimos estabelecer u ma relação de integração entre todos os grupos, ou seja, compartilhar os objetivos gerais e todos compreenderem o que é a vigilância em saúde, o que é a rede de atenção do SUS , o que é o controle social, o que são as práticas integrativas e complementares em saúde, o que é promoção em saúde […]. […] porque esses cinco grupos diferentes formam um PET só, o PET - Saúde Interprofissionalidade [...]”. E2. “ Lidar com um grupo grande é extremamente desafiador, como promover uma comunicação efetiva entre todos os tutoriais? Como organiza r cada grupo para que as ações sejam colaborativas? Como organizar de um jeito sensível para não formar apenas profissionais, mas seduzir cidadãos a desenvolverem um mundo que queremos trabalhar e viver? […]”. A influ ência da imersão grupal, seja pela influência de líderes notórios, motivação ou processamento cognitivo ligado à aprendizagem vicariante, pode influir n a edificação de novas crenças, valores, comportamentos, proporcionando mudança de atitudes nos indivíduos. Para alguns autores, o sucesso de integração entre diferentes grupos pode estar atrelado ao perfil de liderança do coordenador e o modo de conduzir a equipe, ao alinhamento metodológico de todos os grupos envolvidos, bem como à coesão e motivação . Desse modo, torna - se necessário discutir os arranjos operacionais do programa para que os objetivos e açõ es aventada s possam ecoar de maneira significativa na u niversidade , no SUS e na comunidade (29 , 30 ). O desenvolvimento das ações e a dualidade de realidades As ações realizadas pelos participantes do PET - Saúde podem ser classificadas em duas fases: antes da pandemia, em que as atividades s e concentravam de modo presencial nos equipamentos sociais e havia a interação face à face entre estudantes, professores, profissionais de saúde e pacientes; e após o início pandêmico, caracterizando - se por interações remotas, produção de materiais digitais e o desenvolv imento de ações à distância. Os efeitos da pandemia de COVID - 19 alteraram de forma significativa a dinâmica do projeto e as experiências presenciais no SUS tiveram que ser suspensas, então , as atividades foram sendo planejadas com menor
9 periodicidade, a partir da realidade pandêmica, objetivando manter o foco central da interprofissionalidade. Os grupos também passaram a trabalhar em atividades específicas e não tanto por horas semanais. E1. “ A questão de n ão poder mais estar fisicamente dentro do serviço é uma lástima . É uma perda não poder viver a rotina das unidades , do território , não se reunir mais pessoalmente […]. […] foi algo que aconteceu (a pandemia) e a gente não teve muita governabilidade ”. Dentre as aç ões desenvolvidas anteriormente ao momento pandêmico é possível citar o acompanhamento da dinâmica e rotina de diferentes unidade s de saúde e o desenvolvimento de intervenções presenciais em questões relacionadas a esses locais, dentre elas: interdições de estabelecimentos comerciais no âmbito da vigilância sanitá ria; inspeções de infrações relacionadas à saúde do trabalhador em diversas empresas; mutirões de vacinação em diversos locais e o acompanhamento de doenças de notificação compulsória , no contexto da vigilância epidemiológica; atividade educativa para trabalhadores da saúde sobre o modo correto de coleta e encaminhamento de exames laboratoriais; criação de jogo de tabuleiro para ensinar as Redes de Atenção do SUS, nomeado “InterRaps”; participaçã o em Conselhos e Conferências de Saúde e também outras áreas das políticas públicas ; auxílio na formação de novos Conselhos Municipais de Saúde no cen ário local das comunidades e a organização de eventos de extensão. No tocante às ações que passaram a ser executadas após o incício da pandemia, destaca - se o uso de tecnologias de informação e comunicação para a realização de atividades à distância , gerando impacto dentro e fora dos serviços, tais como, o telemonitoramento de casos confirmados e suspeitos de COVID - 19 nos serviços do SUS ; migração do jogo de tabuleiro físico “I nterRaps para o modo de jogo virtual ; depoimentos de participantes acerca da trajetória do PET - Saúde Interprofissionalidade; materiais educativos di gitais , como e - books , deos, lives, podcasts e postagens sobre questões relacionadas à pandemia de COVID - 19 e combate à fake news na saúde ; p articipação, apresentação e publicação de trabalhos científicos em congressos e revistas; suporte na execução remota de disciplina de pós - graduação em políticas públicas; capacitações remotas de educadores e conselheiros municipais de saúde ; auxílio burocrático para associações de movimentos sociais e arrecadação de alimentos e materiais de hi giene para a população em situação de rua. Para melhor compreensão, o Quadro 3 demonstra as ações realizadas pelos grupos participantes da pesquisa nos dois momentos sanitários. Quadro 3 AÇÕES REALIZADAS PELOS GRUPOS PARTICIPANTES DA PESQUISA NO PET - SAÚDE INTERPROFISSIONALIDADE Ações do grupo Vigilância em Saúde Antes da pandemia Depois do início da pandemia - Atividad es de rotina de Unidade s Básicas de Saúde desenvolvidas por cada profissão ; - Ações de Vigilância S anitária : inspeções e interdições de estabelecimentos comerciais ; - Ações de Vigilância E pidemiológica : vacinação, acompanhamento de cobertura vacinal e situação de doenças de notificação compulsória ; - Ações de Saúde do T rabalhador : inspeção da situação de trabalho em diversas empresas . - Telemonitoramento dos casos suspeitos e confirmados de COVID - 19 nos serviços do SUS ; - Elaboração de materiais educativos digitais relacionados à pandemia de COVID - 19; - Elaboração de materiais educativos digitais relacionados ao combate de fake news na saúde . Ações do grupo Redes de Atenção à Saúde Antes da pandemia Depois do início da pandemia - Atividades de rotina de Unidades Básicas de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial, Unidades de Pronto Atendimento e Laboratório Municipal de Saúde, desenvolvidas por cada profissão; - Criação do Jogo InterRaps de tabuleiro físico sobre as Redes de Atenção do SUS ; - Atividade educativa sobre coleta, acondicionamento e encaminhamento de exames laboratoriais. - Telemonitoramento de casos suspeitos e confirmados de COVID - 19 dentro da comunidade da UFPR e em alguns serviços do SUS ; - Jogo InterRaps virtual; - Depoimentos da trajetória PET - Saúde; - Elaboração de materiais educativos digitais relacionados à pandemia de COVID - 19; - Publicação de t rabalhos científicos e participação em congressos. Ações do grupo Educação Popular, Mobilização e Controle Social na Saúde Antes da pandemia Depois do início da pandemia
10 - Atividades de rotina de Unidades Básicas de Saúde e Centros de Atenção Psicossocial desenvolvidas por cada profissão; - Participação em Conselhos e Conferências de Saúde e outras áreas das Políticas Públicas; - Auxílio para na criação de novos Conselhos Municipais de Saúde no âmbito local da comunidade. - Organização de e ventos de extensão. - Elaboração de materiais educativos digitais relacionados à pandemia de COVID - 19 e ao Controle Social na Saúde; - Capacitações remotas de educadores e Conselheiros Municipais de Saúde sobre o Controle Social. - Auxílio burocrático para associações de Movimentos Sociais ; - Auxílio em disciplina remota de pós - graduação em Políticas Públicas; - Publicação de trabalhos científicos e participação em congressos. - Distribuição de alimentos e materiais de higiene para população em situação de rua de Curitiba - PR . É possível perceber que o programa , enquanto política indutora de formação para a saúde, possui potencialidade para avanço às ações específicas , pautadas na interprofissionalidade , no trabalho colaborativo e na vi vência dos espaços do SUS, para a formação de profissionais voltados à humanização do cuidado, integralidade da atenção à saúde e ampliaç ão da visão crítica acerca do processo saúde - doença de indivíduos e coletividade ( 16,18,28 ) . Além disso, o PET - Saúde proporcionou aos participantes interações diretas com comunidade s e suas problemáticas , possibilitando o exercício da aprendizagem e de trabalho s re flexivos, significativos e impactantes, de alguma forma, no bem - estar das pessoas e populações (18,27 ). E17. “ O PET - Saúde me proporcionou a vivência de um mutirão de vacinação realizado em uma instituição social que abriga va crianças portadoras de doenças físicas e do intelecto abandonadas pelos genitores, foi algo muito marcante para mim. […] eu tive a oportunidade de ver um bebê recém - nascido sendo entregue ao local , um serzinho tão pequeno , com grandes dificuldade s e já lutando muito (choro) ”. E18. “ O contato telefônico com os pacientes nesse isolamento pandêmico foi muito marcante, escutar as suas histórias. Tinham ligações que em 15 minutos a gente conseguia responder o questionário de monitoramento da COVID19, entretanto, outras duravam mais uma hora porque as pessoas estavam carentes de interação social, de serem ouvidas, aí a gente acabava sendo um elo de escuta e conforto também [...]”. Os relatos revelam que o grau de significação e importância das vivê ncias , por parte dos participantes, possui forte relação com os usuários de saúde e suas demandas . Talvez a constituição de atividades que possam transformar e melhorar a vida das pesso as seja um fator de motivação para o desenvolvimento das ações e uma estratégia para o bom andamento do projeto. CONCLUS ÃO O processo saúde - doença de indivíduos e coletividade requer uma abordagem ampla, complexa, interprofissional e transdisciplinar para a resolução eficaz das problemáticas nessa área e a elaboração de políticas públicas que sejam intersetoriais e eficientes. Torna - se paradoxal e extremamente difícil o intento de transformar práticas e concepções sanitárias sem o alinhamento com o desenvolvimento de recursos humanos para esse campo. Nesse sentido, o Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET - Saúde), polí tica indutora de formação de profissionais para o Sistema Único de Saúde (SUS), inova no processo de ensino - aprendizagem ao aprox imar as u niversidades da realidade dos serviços do SUS e das necessidades sociais em saúde, na medida que inicia estudantes ao mundo do labor, em diferentes cenários de prática do sistema p úblico . Pode - se referir que a última ediç ão do programa, PET - Saúde Interprofissionalidade, conseguiu alcançar seu objetivo central ao desenvolver nos participantes competências para o trabalho colaborativo e interprofissional na saúde, seja pela execução de ações coletivas pertinentes ao SUS e à população brasileira, seja pela configuração estrutural e operacional construída no projeto . Além disso, o programa logrou êxito em promover maior integração entre o ensino, serviço de saúde e comunidade, bem como a formação de profissionais críticos e conscien tes da importância do SUS , do cuidado integral, humanizado e da concepção ampliada acerca da sa úde e da doença na sociedade . Os resultados obtidos na pesquisa podem contribuir pelo menos em duas dimensões práticas/concretas da dinâmica ensino - saúde - sociedade. A primeira refere - se ao contexto do arcabouço jurídico institucional vigente, no intuito de orientar e nortear propostas de legislação específica em espaços políticos e territoriais de contextos locais, visando a superação não apena s do modelo hegemô nico de saúde, mas a efetiva integração dos órgãos públicos regionais e municipais de forma ativa na consolidação da política naci onal de saúde e seu intuito de desenvolver recursos humanos com uma visão humanista, alinhada e coerente com os princípios do SUS. A segunda dimensão está relacionada com a trajetória educacional dos indivíduos que participam ou pretendem participar de alg uma formação superior em saúde no Brasil, no sentido de oferecer uma visão integral da necessidade de novos profissionais comprometidos não apenas com a melhoria na qualidade do serviço de saúde no país , mas com uma visão inter e intradisciplinar da saúde que permita um diálogo permanente entre profissões e, consequentemente, uma superação (mesmo que gradual) da visão tradicional da saúde em direção de uma verdadeira integração entre práticas e profissões no contexto do SUS. A limitação do trabalho reside na seleção da amostra de entrevistado, visto que apenas participantes de três dos cinco grupos tutoriais de aprendizagem concordaram em participar da pesquisa. Sugere - se a elaboração de novos estudos que aprofundem a temática de políticas e programas públicos que fomentem modos criativos e inovadores de aprender e ensinar na área da saúde, atrelados com o desenvolvimento de esferas e temas pertinentes à melhoria das realidades sanitárias e à cobertura universal em saúde. Adema is, a realização de pesquisas que mapeiem, a longo prazo, os efeitos do programa na formação dos profissionais de saúde e na transformação da qualidade dos serviços prestados no contexto do SUS.
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